segunda-feira, 28 de setembro de 2009



O QUE É A VISITA AD LIMINA?
por Osmar Lucena Filho

Ad limina Apostolorum: assim é chamada a visita quinquenal que todos os bispos católicos do mundo inteiro fazem ao Santo Padre, em Roma. Visita esta tornada extensiva aos Dicastérios (departamentos) da Cúria Romana, aos túmulos dos Bem-Aventurados Apóstolos Pedro e Paulo, às Basílicas Patriarcais: São Pedro, São Paulo, São João de Latrão (a catedral do Papa, e, por isso, "Cabeça e Mãe" de todas as igrejas
do mundo), Santa Maria Maior, e, finalmente, às catacumbas (verdadeiros marcos da igreja nascente, em cujo subsolo "dormem o sono da paz" vários mártires dos primeiros séculos do Cristianismo). Os Bspos vão à Cidade Eterna para "videre Petrum", isto é, para ver Pedro. Pedro, o 1º papa, nomeado por Nosso Senhor, cujo ministério de serviço à Igreja, prolonga-se, tempo afora, na pessoa do Augusto Pontífice. Outrossim, é correto afirmar que Pedro continua vivo em cada um de legítimos sucessores. O homem indicado pelo Espírito Santo para, nos dias presentes, fazer as vezes de Pedro, é Bento XVI (no século, Joseph Ratzinger), o 265º Papa da bimilenar História da Igreja.


Retomando o tema "Visita Ad Limina Apostolorum", é lícito afirmar que esta tem a ver com um momento ímpar de comunhão, afetiva e efetiva, dos Pastores Diocesanos com o Vigário de Cristo na Terra, "perpétuo e visível princípio e fundamento da unidade quer dos Bispos quer da multidão dos fiéis", como nos ensina, sobre o Papa, o Concílio Ecumênico Vaticano II, na Lumen Gentium. Os mais antigos relatos deste costume (de os bispos visitarem Roma pontifícia) datam da época de São Gregório I, O Grande (590- 604), quando este Papa faz menção às visitas que os Bispos da Sicília faziam, de 3 em 3 anos, à Cidade Eterna. Gregório estabeleceu que a visita ad Limina deveria ocorrer a cada 5 anos. Pascoal II (papa de 1099 a 1118), afirmou que a Visita era obrigatória para todos os bispos. No decurso dos séculos XI e XII, a "Ad Limina" chegou a ser exigida anualmente. Mas uma tal convocação trouxe, evidentemente, muitas dificuldades para os antístites, e, em decorrência disso, alguns bispos argumentaram, junto ao trono de Paulo III (1534-1549), que a "visita, a cada ano, era pesada". No reinado de Sisto V (papa de 1585 a 1590) ficou, então, estabelecido o seguinte: para os bispos mais próximos, a Visita deveria acontecer a cada 3 anos; para outros, a cada 4 anos; e, finalmente, para os mais distantes, a cada 5.
A audiência que os Bispos mantêm com o Santo Padre é precedida do envio de um "relatório" em que a autoridade diocesana deve expor, de forma fiel, objetiva, clara, abrangente e concisa, a "realidade" da Diocese, de que é Pastor e Guia.

Foi Bento XIII (papa de 1724-1730) quem prescreveu os assuntos que deviam ser contemplados no chamado "Relatório Quinquenal", que, mais tarde, sob o papado de São Pio X (1903-1914) veio a tornar-se obrigatório. Recolhendo o eco das vozes do passado, o Código de Direito Canônico, promulgado por João Paulo II em 25.01.1983, prescreve a "obrigatoriedade" da Visita, e do Relatório quiquenal que a antecede. De um modo geral, eis a agenda do Papa com os Bispos: cada pastor é recebido pessoalmente em audiência particular pelo Santo Padre; depois, o Papa convida os Bispos para celebrarem com ele na sua Capela Particular; finalmente, é programada uma audiência coletiva com todos os Bispos da região (no caso do Brasil, por regionais). Há também uma fraterna refeição (ágape).

Dando continuidade a mais um ciclo de Visita Ad Limina, os Bispos dos Regionais Nordeste 1 (Ceará) e 4 (Piauí) foram acolhidos por Bento XVI, no último 25 de setembro, na Sala do Consistório do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo, residência de Verão do Papa, um edifício do século XVII, que a mente engenhosa de Carlo Maderno fez para o Papa Urbano VIII (+ 1644).

O Santo Padre, no discurso que dirigiu a este grupo de prelados, aludiu, fortemente, aos problemas enfrentados pelas "famílias", cuja integridade, diante dos tempos difíceis por que passa a humanidade, vê-se "ameaçada". Numa das passagens deste discurso, o Papa diz: "'Encorajo os vossos sacerdotes e os centros pastorais das vossas dioceses a acompanhar as famílias, para que não sejam iludidas e seduzidas por certos estilos de vida relativistas, que as produções cinematográficas e televisivas e outros meios de informação promovem. Tenho confiança no testemunho daqueles lares que tiram as suas energias do sacramento do matrimônio; com elas torna-se possível superar a prova que sobrevém, saber perdoar uma ofensa, acolher um filho que sofre, iluminar a vida do outro, mesmo fraco ou diminuído, mediante a beleza do amor. É a partir de tais famílias que se há de restabelecer o tecido da sociedade.".

O discurso de Bento XVI aos pastores dos Regionais Nordeste 1 e 4 da CNBB pode ser acompanhado, em sua inteireza, no site: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/index_po.htm.

Pela riqueza de conteúdo e oportunos ensinamentos, recomendo-o aos nossos leitores!

EM TEMPO: NA FOTO, SUA SANTIDADE BENTO XVI COM O BISPO DIOCESANO DE IGUATU-CE, DOM FREI JOÃO JOSÉ DA COSTA, MEMBRO DA ORDEM DOS IRMÃOS DA BEM-AVENTURADA VIRGEM MARIA DO MONTE CARMELO.

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